terça-feira, 21 de agosto de 2012

Velejo.

"Podia ter estado com ela uma vez, me pergunto se ela acha que eu poderia salvá-la?"
Não, você não poderia salva-la. Ninguém pôde.
Calei a boca e ardi de culpa. Esperei pela vida, pela morte, pela esperança, esperei pelo que havia de vir. Esperei o telefone tocar.
Ainda sou o mesmo rosto. As extremidades tortas, as cicatrizes da pele, a cor que se transforma no cabelo. A curva dos olhos e a voz cinza. A pele, o toque. Sempre coube nos detalhes.
Permaneço no eixo desencontrado dos jeitos, e ainda me exilo do tempo para alcançar o que existo.
Aspiro e reviro sentimento. Me verto na vontade de sussurrar teu nome, na ultima brasa do sóis. Anseio por voo, calo asas. Viro seiva do velejo morto que quis tarde te dizer.
Vontade que escorre pelos cantos, saudade veste por entre minhas pernas.
A vida sobre a vida. 

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