quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Nove décimos de mim.

Tocava suavemente o piano, as notas desajeitadas formavam uma bela melodia. Aquele barulho familiar me fazia sentir nostálgica a saudade do passado só aumentava no meu peito, aumentou tanto que escorreu pelos olhos antes que eu pudesse conter.
Mesmo com as lágrimas penduradas sorri para a vida, esta que dá muitos giros lhe deixa tonto. As vezes te machuca, faz sangrar mas logo depois te sutura. Lembro de um bom e velho marinheiro que me dizia "uma flor-de-lis renasce das cinzas" não me esqueço daquele ar de despreocupado, tirava de minuto em minuto uma garrafa de prata do bolso entornava, ajeitava seu boné e dava um trago no cigarro. O velho marinheiro se foi com o tempo e me deixou um pacote de saudade.
Hoje só me resta lembranças pequenas memorias, muitas histórias e alguns sorrisos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Domingo qualquer.

Deprimido acendeu seu cigarro, ignorando o tic-tac do relógio que lhe incomodava. Deu um gole na inúmera cerveja da vez. Sentado no velho sofá de couro, de pijama e meias, jogava vídeo-game e se iludia em pensar que já havia esquecido a magoa que sofrera. Olhou no espelho e viu a imagem de um homem acabado, com os olhos pesados de dor, a barba mal feita e a boca retorcida de amargura. O sofrimento estava ali, estampado na cara dele. E mesmo assim ele insistia em dizer que era apenas um domingo qualquer.

nostalgia de ser feliz.

Sinto que estou num beco sem saída. O peso nos meus ombros é desconfortável, me prende a um só problema. As vezes a vida me sufoca, me desanima, me engole. Me deixa perdida em meio a tantas tentações, tantos desejos, tantas intensidades. Um telhado frágil me sustenta, cheio de goteiras - lágrimas de gelo, fruto de romances clichês que condenam minha vida, vivo num passado miserável que me consome de pouco em pouco. Vejo as pessoas que amo morrerem na beira da fonte da eternidade e não posso fazer nada para salva-las além de lamentar. Minhas mãos unidas não me demonstram fé, as palavras que repito são sem sentido. Vivo em um mundo de "por que" com a convicção que não terei nenhuma resposta. O mundo mudou, mas nunca fui igual ao mundo.

domingo, 2 de janeiro de 2011

extremos.

Não falo de amor, falo da ausência dele. Falo do fantasma da felicidade, da intensidade espontânea. Falo do meu medo, que não existe. Falo do sorriso falso, da falsidade que vem do fundo do coração. Falo de muitas expectativas que terminaram em desilusões. Falo de uma vida vazia. Depois de tanto falar penso: será que algum dia vou dizer alguma verdade?