segunda-feira, 16 de julho de 2012

Unknown pleasures.

"Você se considera uma boa pessoa?"
A pergunta foi feita por um escritor, já falecido. O que deveria ter sentido e moral virou apenas algo retorico.
Mesmo assim respondo:
- Quais são as ações cabíveis capaz de eleger o sujeito um bom cidadão? - acendi um cigarro - Porque você sabe, anjos não existem. Sou uma ótima pessoa com aqueles que se dispõem a pagar alguns dos meus cigarros, por exemplo. Mas minha bondade varia conforme o número de pessoas em minha volta. Quanto maior e consequentemente mais insuportável for esse numero, menos adorável e bondosa me torno.
Se o escritor tivesse vivo, me aconselharia comprar umas cervejas baratas. Mas conforme as atuais circunstancias que eu me encontro, me ofereço um porre decente.
Todo poeta precisa de um porre decente. Faz parte do teste. Junto ao teste vem uma viajem. Talvez eu precisasse (e merecesse) algo melhor que os moribundos que as ruas urinadas de São Paulo me oferecia.
Sair as ruas sem procurar e querer solidão era algo totalmente novo para mim. Eu estava pronta para ir além, além do que eu conhecia, do que eu esperava, do que eu procurava me importar.
Eu era o olho da tempestade. Essa que levara os frios, gordos, bonitos e gentis. Sobraram apenas os loucos por entre as avenidas, os admiradores de cerveja barata.
Esses loucos, insano e sujos eram os únicos que eu suportava. Os que foram deixaram apenas horas gastas e o fim de qualquer possível esperança. Mesmo depois destes desgastes volto a me perguntar:
"Me considero uma boa pessoa?"
Mesmo se eu estivesse segurando uma Mac 10 admirando completamente satisfeita o estado do medíocre que se posiciona ao outro lado da submetralhadora, eufórica pela oportunidade de esvaziar seus 30 cartuchos de munição num idiota que acredita ser algo além da sua própria ignorância. O fato de livrar as ruas de mais um parasita, sem nenhum custo adicional, me tornaria uma boa pessoa. Só pelo prazer de acender um cigarro sem sentir uma agonia interna, sem a necessidade de ter que substituir algo. Acender um cigarro e sentir que o dever foi cumprido.
Bondade é uma questão de ponto de vista.
Mas antes que eu pudesse viver essa metáfora, os idiotas se foram. Ao som do primeiro trovão eles já estavam longe. Longe com as suas instituições privadas, com seus cheques e medos. Com sua ignorância e suas ideias sem fundamento, plantadas em suas mentes. Fracassados a procura de algum sentido, sempre previsíveis e facilmente manipulados.
- Seria muito egocentrismo me considerar inteligente demais para ter que conviver com esses tolos?
Pausa para um gole de uísque escocês.
O que o velho escritor teria a dizer sobre isso?

2 comentários:

  1. É! Parabens! só tive tempo de ler um e com certeza quero ler todos os outros! Adorei a escolha das palavras e a forma q as utilizou! Não q eu entenda mt ou q minha opinião valha algo! rsrsr bom meu estilo é desenhar e teu texto me deu algumas ideias de desenhos!" Valeu"!!!!! Cris

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  2. Ahhh obrigada por ler! Claro que vale, elogios são sempre bem vindos hwequi. Desenha ai e depois me mostra! Beijão.

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